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Meu Diário
21/01/2023 17h48
devaneios sobre escrita

Eu gosto quando escrevo como se pintasse um quadro abstrato. Revelando devagar as coisas sem nome que, antes que saibamos sobre elas, sabem sobre nós. Um misto de nada e tudo. Será nada se não houver atenção, mas basta uma demora, basta descansar o olhar e derramam-se questões impossíveis de fechar. Esse rasgo, essa fresta, esse chamado que só a poesia sabe. Abre, escancara, canta. 

Eu gosto quando entro tão fundo em mim, quando mexo com tamanha maestria o caldo das coisas que eu não sei, que deixa de ser sobre mim. Eu sou a única coisa que sei, mas quando revelo que não sei… é nesse lugar que você me encontra. É gostoso quando você me lê e a gente se agarra sabendo que não sabemos nada. E é na falta de si que a gente se vê, se revela, se encanta. 

Vislumbrar o que não se sabe acorda os corpos.

 

Publicado por Letícia de Queiroz
em 21/01/2023 às 17h48
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